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quinta-feira, novembro 21, 2024

Toca do Lobo: E o Oscar foi…para não mais voltar










Jimy Kimmel fez piadas sem graças e ninguém riu (Foto: Reprodução/Facebook)


Fora dos Trilhos

Vivemos atualmente a era da “lacração”. A cultura, o conhecimento, e até mesmo o amor, hoje em dia não representam quase nada frente à nova onda da “lacração”. Domingo foi o dia da cerimônia do Oscar, evento que completou 90 anos, mas que há cerca de dez (chutando baixo), já não representa quase nada além de acordos comerciais, egos inflados, vestidos caros, piadas sem graça e filmes que você vai esquecer logo após o fim da premiação.


Evidente que, como em toda competição (que a propósito, na arte não deveria existir), o Oscar sempre causou injustiças. Basta dizer que Kubrick, Hitchcock e até Chaplin nunca receberam um prêmio competitivo sequer, apenas o de “consolação” pelas falhas da Academia.


No passado, quando eu apresentava e escrevia o Cinelândia, um dos pioneiros na TV sobre o tema, cheguei a escrever sobre o Oscar para grandes mídias e até ser convidado a visitar o teatro em Los Angeles e comentar a festa nos telejornais.


Era um tempo em que para se discutir sobre Oscar, você deveria, no mínimo, ter assistido a todos os indicados. Hoje é era dos “palpiteiros” e “lacradores”, todo mundo escreve sobre, fala sobre e até discute sobre, mas sempre nos moldes da “professora” Glória Pires: ninguém viu nada, ninguém entende nada, mas discursa com a arrogância de quem sabe tudo. E o Oscar não vai para Sócrates!


Eu perdi o interesse no Oscar já há alguns anos, mas jamais no cinema. Assisti a todos os indicados este ano, em todas as categorias, mas por paixão. Não vi a cerimônia e nem me arrependo. Pelo que li na mídia, foi tudo óbvio, como previa a cartilha. Um apresentador sem graça (sim, Jimmy Kimmel é apático), que seguiu as regras “politicamente corretas” e hipócritas, contando piadas que ninguém riu, pois hoje até o riso ofende.


A lista de vencedores, ao menos desta vez, teve injustiças menores. A Forma da Água, inspirado em O Monstro da Lagoa Negra (de 1954) com toques de Amélie Poulain, faturou o merecido prêmio da noite. É uma fábula bem contada. Os prêmios de elenco principal e coadjuvante, mesmo eu achando uma injustiça a prodígio Brooklynn Prince ter sido ignorada, foram merecidos. Na categoria animação, Loving Vincent merecia faturar, pois apesar de assumir que sou apaixonado por Viva-A Vida é Uma Festa, o filme tributo ao Van Gogh é superior e inovador, mas não tem o selo Disney, o que pesa muito na Academia.


As principais injustiças da noite foram nas categorias de roteiros. Dois filmes ruins, mas que, pelas regras da “lacração”, somos proibidos de não gostar. Vale lembrar que o vencedor de filme estrangeiro, o belíssimo Uma Mulher Fantástica, tem temática LGBT, mas sem querer “lacrar”. É um filme de amor e respeito. Diferentemente do vencedor do roteiro, sobre envolvimento sexual, nada mais, entre um adolescente e um judeu. Filme sem predicados para premiação, mas que juntou dois temas que a Academia idolatra, sendo assim contemplado.


Eu continuo amando o cinema, mas desprezando suas festas e seus astros egocêntricos fingindo humildade enquanto lamentam-se em rede mundial sobre suas “difíceis” vidas fúteis. O Oscar já teve um peso maior. Hoje é apenas um boneco de pebolim pintado com tinta dourada e entregue pra gente e filmes que você não se lembrará daqui poucos meses. 

 





Filme recebeu quatro estatuetas na noite deste domingo, 4 (Foto: Divulgação)


Fora dos Trilhos

Filme “A Forma da Água” é o grande vencedor do Oscar

O filme A Forma da Água foi eleito o melhor na 90ª edição do Oscar, realizada na noite deste domingo, 4, em Los Angeles, nos EUA. A produção ainda foi premiada com as estatuetas de melhor direção (Guillermo del Toro), trilha sonora e direção de arte.

Ao contrário do tapete vermelho do Globo de Ouro, marcado pelo preto dos protestos dos movimentos #MeToo e Time’s Up, o da 90ª festa do Oscar pautou-se pelo colorido. Sempre irreverente, o apresentador Jimmy Kimmel abriu o show dizendo por que o Oscar – a estatueta – é o homem mais respeitado de Hollywood. Dá para ver onde estão suas mãos – e ele não tem pênis! O humor em tempos de assédio na indústria.

Essa abertura, digamos, provocadora não teve muita continuidade. Como a Academia queria, os discursos políticos não deram o tom desse Oscar. Em comparação com o Globo de Ouro, foi bem morno, pelo menos até que Salma Hayek, integrando um grupo de mulheres, destacou a importância do que está ocorrendo na indústria. Num clipe, Geena Davis lembrou Thelma e Louise. “Todo mundo pensava que o filme ia abrir um novo espaço para as mulheres em 1991. Isso está ocorrendo hoje.”

E veio a celebração da cultura latina no palco do Dolby Theatre, com as vitórias do Chile, de Guillermo del Toro e de Viva – A Vida é Uma Festa. Prosseguiu com o Oscar de roteiro original para Jordan Peele, por Corra!, o primeiro negro a concorrer em filme, direção e script. Outro Oscar, de roteiro adaptado, para Me Chame Pelo Seu Nome, e James Ivory ressaltou a importância da diversidade sexual. Lembrou até seu companheiro, o falecido produtor Ismail Merchant. Talvez tenham sido esses momentos que fizeram a diferença nesse Oscar.

Os prêmios de coadjuvantes para Sam Rockwell (Três Anúncios Para Um Crime) e Allison Janney (Eu, Tonya) eram mais que esperados. Rockwell retratou-se nos bastidores. “Não podia ter me esquecido de agradecer a Philip Seymour Hoffman (que morreu em 2014). Ele foi inspirador para mim e todos daminha idade. Sua forma de interpretar e de dirigir mostravam que era um homem que acreditava e amava o cinema.”

Gary Oldman e Frances McDormand, também favoritos, venceram como melhor ator e atriz por O Destino de Uma Nação e Três Anúncios Para Um Crime.

Confira a lista completa dos vencedores:

Melhor Filme
A Forma da Água

Direção
Guillermo del Toro, A Forma da Água

Melhor ator
Gary Oldman, O Destino de Uma Nação

Melhor Atriz
Frances McDormand, Três Anúncios para Um Crime

Melhor Ator Coadjuvante
Sam Rockwell, Três Anúncios para Um Crime

Melhor Atriz Coadjuvante
Allison Janney, Eu, Tonya

Roteiro Adaptado
Me Chame pelo Seu Nome

Roteiro Original
Corra!

Filme em Língua Estrangeira
Uma Mulher Fantástica (Chile)

Documentário
Ícaro

Animação
Viva – A Vida É uma Festa

Efeitos Visuais
Blade Runner 2049

Canção Original
Remember Me, de Viva – A Vida É uma Festa

Trilha Sonora Original
A Forma da Água

Fotografia

Blade Runner 2049

Edição
Dunkirk

Maquiagem e Cabelo
O Destino de Uma Nação

Figurino
Trama Fantasma

Edição de Som
Dunkirk

Mixagem de Som
Dunkirk

Direção de arte
A Forma da Água

Curta de animação
Dear Basketball

Documentário em curta-metragem
Heaven Is a Traffic Jam on the 405

Curta-metragem
The Silent Child

 


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