Editorial: A fila de desempregados no Centro de São Paulo revela o verdadeiro problema
Esta semana, o Centro da cidade de São Paulo foi tomado por uma gigantesca massa de desempregados, que enfrentaram uma longa fila na esperança de mudar seu status ocupacional. Ao menos 15 mil deles receberam uma senha para disputar as 6
mil vagas oferecidas. O pequeno papel se transformou para estes em uma espécie de bilhete de loteria, que poderia, depois de
um processo seletivo, se revelar premiado ou não. Ali, no rosto de cada um deles, se percebia que o Brasil, o Estado de São Paulo, a Capital tem um problema seríssimo, muito mais grave se comparado às demais questões que vêm sendo problematizadas pelas atuais administrações municipal, estadual e federal.O Brasil se converteu em um país de desempregados. Este não é um infortúnio de agora, mas que, desde 2014, vem se acentuando. Se a Previdência é um questão para o futuro do trabalhador ou do Estado, a falta de ocupação e emprego é uma ferida que requer urgente combate e tratamento. Mas, o primeiro passo para isso, é entendê-la como um mal perverso, que causa desestruturação familiar (com brigas e separação),desordem financeira (redução da renda e aumento das dívidas) e impacto social e na saúde (humilhação, nervosismo, depressão).
E não são poucos que se encontram nesta condição. Na Região Metropolitana de São Paulo eram 1,7 milhão de trabalhadores nesta incômoda e desesperadora situação, segundo dadosdo Dieese referentes a fevereiro. No Brasil, são 12,7 milhões, no
trimestre móvel encerrado em janeiro, conforme o IBGE. São 12% da população do País, estatística que permanece praticamente inalterada desde o início de 2018. É preciso mudar esta situação. Mas, para isso, municípios, Estados e União devem reconhecer o problema do desemprego como tal e dizer realmente o que podem fazer para ao menos mitigar esta dura realidade. O momento dos discursos enviesados acabou em outubro. Assim,passou da hora de mostrar, na prática, como curar esta dura chaga social do País. E o remédio, ao que parece, não é a reforma trabalhista, que desde novembro de 2017 vem sendo usada, mas, por enquanto, só com efeitos adversos.
Pesquisa revela que Brasil tem 12,7 milhões de desempregados
A taxa de desemprego ficou em 12,2% no trimestre encerrado em janeiro, o que representa 12,7 milhões de pessoas desocupadas. O índice é estável na comparação com o trimestre anterior, de agosto a outubro de 2017.
Os dados estão sendo detalhados nesta quarta-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulga a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Pnad Contínua. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, entre novembro de 2016 e janeiro de 2017, a taxa apresentou queda de 0,4 ponto percentual.
A população desempregada ficou em 12,7 milhões de pessoas e o nível de ocupação no país é de 54,2%, num total de 91,7 milhões de pessoas. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve aumento de 2,1% no nível de ocupação, com 1,8 milhão a mais de pessoas.
Também na comparação com o trimestre móvel de novembro de 2016 a janeiro de 2017, o IBGE mostra que houve queda de 1,7% no número de trabalhadores com carteira assinada, o que corresponde a 562 mil pessoas. Os empregados sem carteira assinada subiram no período 5,6%, abrangendo 581 mil pessoas.
PIB brasileiro cresceu 1% em 2017, diz FGV
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, cresceu 1% em 2017 e atingiu o valor de R$ 6,51 trilhões, segundo o Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador, divulgado nesta quarta,21, não é um dado oficial, já que o PIB é calculado oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e será divulgado no dia 1º de março.
Segundo a FGV, o indicador cresceu depois de dois anos de retração, com resultados positivos na agropecuária (12,8%), indústria (0,1%) e no setor de serviços (0,3%). Entre os segmentos da indústria, a principal alta ficou com a extrativa mineral (4,5%). A construção teve a única queda dentro da indústria (-5%).
Entre os segmentos dos serviços, o destaque ficou com o comércio (1,8%). Também cresceram os grupos de transportes (1,1%), imobiliários (1%) e outros serviços (0,7%). Tiveram queda os serviços de informação (-1,7%), intermediação financeira (-1,6%) e administração pública (-0,6%).
Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias, com alta de 1,1%, e as exportações, com avanço de 6%, foram os responsáveis pelo crescimento da economia brasileira. Os investimentos tiveram queda de 1,9% e o consumo do governo recuou 0,5%. As importações cresceram 4,9%.
Último trimestre
No quarto trimestre do ano, o PIB cresceu 2,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior, com altas de 5,1% na agropecuária, 3,1% na indústria e 1,9% nos serviços. Sob a ótica da demanda, foram registrados crescimentos de 3% no consumo das famílias, 3,5% nos investimentos e 12,4% nas exportações. O consumo do governo manteve-se estável.
Serviços fecham 2017 com queda de 2,8%, segundo IBGE
O volume de serviços no Brasil caiu 2,8% em 2017, na comparação com o ano anterior. Já a receita nominal fechou o ano com alta de 2,5%. Os dados constam da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada hoje (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em dezembro de 2017, o setor de serviços cresceu 1,3% em volume na comparação com novembro. Na comparação com dezembro de 2016, o volume cresceu 0,5% e interrompeu uma sequência de 32 quedas consecutivas.
“Estávamos desde março de 2015 sem resultados positivos [na comparação do mês com o mesmo período do ano anterior]. É um resultado só, não podemos ainda afirmar que se trata de uma recuperação. Mas, lógico, é um fato positivo. Por enquanto, só podemos ver essa reação no segmento de transportes”, disse o gerente da pesquisa, Roberto Saldanha.
A receita nominal cresceu 0,9% na comparação com novembro e 5% na comparação com dezembro de 2016.
Serviços em 2017
Cinco dos seis segmentos do setor de serviços tiveram queda no volume no ano de 2017, com destaque para os outros serviços, com recuo de 8,9%, e os serviços profissionais, administrativos e complementares, que caíram 7,3%.
Também tiveram queda os serviços prestados às famílias (-1,1%), os serviços de informação e comunicação (-2%) e as atividades turísticas (-6,5%). Os serviços de transporte, auxiliares de transporte e correios foram os únicos com alta em 2017: 2,3%.
Segundo Saldanha, o segmento dos transportes foi impulsionado pelo setor industrial, “que é o grande demandante desse serviço”.
Na comparação de dezembro com novembro de 2017, quatro segmentos tiveram alta: atividades turísticas (2,8%); serviços de transportes, auxiliares de transportes e correios (2,3%); serviços profissionais, administrativos e complementares (0,6%) e outros serviços (0,7%).
Ponto de vista: Desemprego e a tragédia social
O desânimo que toma conta do País, atingindo as camadas mais vulneráveis da população, ganha dimensão em São Paulo. Aumento do desemprego, sem perspectiva de uma nova colocação, e inflexão nas políticas sociais são componentes para o aprofundamento da exclusão e violência.
Pesquisa da Fundação Seade aponta a taxa de 18% de desempregados, equivalente a 2 milhões. É a maior desde 2004 na região metropolitana e supera o índice de 13% do País. Em queda até 2013, sempre é bom lembrar, o desemprego era de cerca de 4%, percentual considerado como pleno emprego por organismos internacionais.
Em São Paulo, os dados são um desalento. O Ibope Inteligência aponta, em pesquisa da Rede Nossa São Paulo, que 44% dos desempregados procuram colocação há um ano, 18% há dois e 29% há mais de dois anos. Muitos não vislumbram um novo emprego e não têm como se locomover no caríssimo transporte.
A frieza dos números é cruel na Capital. O desemprego atinge 59% de negros e pardos, 58% de mulheres e 26% de jovens. Mais de um terço tem renda inferior a dois salários e 43% com baixa instrução. É um cenário revelador de regiões periféricas e pobres, sem atenção dos governantes.
O golpe tirou Dilma e impôs um governo ilegítimo, comandado por forças conservadoras, que aplica medidas recessivas. Os pobres são os mais afetados com a interrupção de ações interligadas de inclusão social, geração de emprego e distribuição de renda.
O quadro tenebroso é também exposto em Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Com as políticas de um governo rejeitado por 97% dos brasileiros, mais de 26 milhões começaram 2018 sem trabalho ou subempregados. O preconceito e o racismo agravam a situação: 63% dos desempregados no País são pretos e pardos.
A tragédia se aprofunda com as antirreformas em andamento. O povo recebe do Estado as forças de repressão em um ciclo assustador e perverso de violência. A síntese visível da destruição é o Rio de Janeiro, onde pobre, jovem, negro são fichados, mas não para emprego ou inclusão em programas educacionais.
*Edmilson Souza é professor de história, educador e vereador em Guarulhos
Editorial: PIB avança e o brasileiro espera sua vez de sair do desemprego
Ainda não é oficial, mas o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1% em 2017. O cálculo não é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgará seus números apenas em 1º de março. É da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que mensurou a riqueza produzida no País, no ano passado, em R$ 6,51 trilhões. Esse pequeno avanço soa como uma música angelical, uma vez que a economia nacional vem de dois anos seguidos (2015 e 2016) em retração.
A matemática econômica nem sempre merece a atenção de boa parte dos brasileiros. Mas, de uma forma simplista, um ano de avanço, depois de dois em marcha ré, é bastante significativo, principalmente para os mais de 13 milhões de pessoas que aguardam sua vez na fila do emprego. Atualmente, segundo uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mesmo com esse aspecto positivo, o tempo médio de recolocação no mercado de trabalho, em 2017, foi de 14 meses, o que representa uma eternidade para a massa que convive com o problema. E, de novo, ainda com o aumento do PIB, o número de desempregados aumentou em 1,5 milhão no ano passado.
De qualquer forma, um fator está atrelado ao outro. Assim, a percepção de mudança começou a ser sentida já nos derradeiros meses do ano. No último trimestre, por exemplo, o avanço do PIB se acentuou (2,3% a mais em relação ao anterior) e o número de desempregados diminuiu 5% (650 mil pessoas a menos). E os bons ventos seguem em 2018. A quantidade de vagas abertas pela indústria de transformação paulista no primeiro mês deste ano foi a melhor desde 2012, com saldo de 10,5 mil admissões. Só para efeito de comparação, a média do período entre 2005 e 2017 foi de apenas 2,8 mil. É um bom indício. Assim, se 2017 já pode ser chamado de o ano da retomada do crescimento econômico, o corrente pode representar um caminho para a consolidação deste processo, algo que o brasileiro sempre espera, mas que, normalmente, se vê obrigado a conviver em uma gangorra cheia de altos e baixos.
Doria vai investir R$ 500 milhões em polo comercial
Para melhorar a qualidade de vida e as oportunidades de emprego para quem mora no bairro Cidade Tiradentes, a Prefeitura de São Paulo vai publicar na terça-feira, 06, o edital para a contratação de um projeto de intervenção urbanística e modelagem de negócio para implantação de um pólo comercial na região. A previsão de investimento no local é de R$ 500 milhões.
Maior complexo de moradia popular da América Latina, onde vivem cerca de 220 mil habitantes, o bairro do extremo leste da cidade mantém uma taxa de desemprego de 11,6%, superior ao índice de 10% da cidade. A expectativa é que o novo empreendimento gere 4 mil empregos.
“Este polo comercial, além de oferecer serviços e lazer para a população de Cidade Tiradentes, vai gerar empregos, através do setor privado, para que as pessoas tenham a oportunidade de trabalhar perto de suas casas e ter mais tempo para ficar com a família, fazer um curso ou praticar um esporte, podendo ter uma vida mais feliz”, disse o prefeito João Doria (PSDB) durante assinatura para liberação do edital, anteontem.
O estudo vai avaliar a viabilidade para instalação de shopping center, centro universitário, equipamentos públicos e parques de lazer em uma área de 685 mil m², pertencente à Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab-SP) e avaliado em R$ 90 milhões.