19.7 C
São Paulo
sexta-feira, novembro 22, 2024
Array

Altino, um artista especial



notíciasDestaque Espetáculo


Altino, um artista especial


24/11/2014
7:03 PM
/
Palloma Mina / Lucas Dantas / Raphael Pozzi
/
Atualizado em 27/11/2014 5:02 pm

 

 

 

Altino Zocharato pega o pincel e pinta como quem vê a tela pronta. Segurança de quem convive com as tintas há 20 anos. Detalhe: ele sempre escolhe se vai pintar usando as mãos, os pés ou a boca.

Ele tem 26 anos, pinta desde os quatro, é portador de paralisia cerebral e só não cursou educação física porque não foi aceito em nenhuma instituição. Zocharato é a estrela da terceira reportagem da série do Metrô News sobre deficientes que praticam arte.

“Fiz quase tudo no ateliê. Meu estilo é o abstrato, combina muito comigo. Sou muito criativo e divertido”, se autodefiniu. Questionado sobre seu ponto forte na atividade, se pés, mãos ou boca, Zocharato não regulou modéstia. “Sou bom. Não vou falar que jogo nas 11, ninguém é perfeito.”

O artista já expôs suas obras. Em maio, participou de um evento em que pintou quatro telas na frente dos compradores e vendeu todas as telas. E para aqueles que não se sentem capazes, ele manda um recado.

“Arrume um incentivo, tudo nessa vida tem um jeito. Vá em frente que vai conseguir. Não pode desistir nunca. Isso aqui é só uma passagem, ninguém fica na vida para sempre”, afirmou.

 

Foto: Lucas Dantas

 

‘Não vejo deficiência, só característica’, disse a professora

Professora de artes, Luziana da Silva sempre quis trabalhar com deficientes. A chance surgiu no Núcleo de Apoio e Desenvolvimento à Pessoa com Deficiência de Guarulhos, para ensinar a portadores de deficiência a esculpir, desenhar e pintar. “As pessoas me elogiam pelo trabalho, mas não faço nada. O trabalho aqui é mostrar a capacidade deles, deixo todos soltos e seguros. Este é um ambiente de alegria, tiro o que há no interior deles e tem muita coisa linda”, disse.

Quando começou a trabalhar com Altino Zocharato, ele só pintava com a mão. “Temos uma sintonia bacana. Um dia sugeri para ele pintar com a boca. Depois falei que se ele conseguia jogar videogame com o pé, também conseguiria pintar”, lembrou. “Quero que o mundo veja o talento deles. Nem vejo mais as deficiências, só as características artísticas de cada um”, afirmou.



LEIA TAMBÉM

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Índice