Honoré confia em saída amigável para impasse político
Dez anos e muito dinheiro investido depois, a ONU vive um dilema: como deixar o Haiti sem correr o risco de retroceder em tudo o que a Minustah conquistou durante a intervenção? A sonhada estabilização ainda não foi conquistada e os índices socioeconômicos patinam.
Se, por um lado, a guerra civil que assolava o país em 2004 foi rapidamente sufocada pelo braço militar da missão, por outro, a miséria, a falta de reconstrução pós-terremoto e a instabilidade alimentada por grupos políticos diferentes conferem uma derrota acachapante para o componente civil da Minustah.
Autoridades ouvidas pelo Metrô News disseram que os planos de retirada datam de antes do terremoto de 2010, evento que atrasou o processo. “Em 2012, o plano de consolidação 2013-2016 voltou a ser discutido”, disse o general José Luiz Jaborandy Jr, force commander da missão (leia entrevista completa na página 3).
Mas a atual situação política do Haiti deixa tudo em compasso de espera. Na última segunda-feira, o Congresso Nacional foi dissolvido por não ter ocorrido eleição em 2014. O presidente Michel Martelly governa, desde o início da semana, por decreto. “O presidente Martelly está conduzindo uma série de consultas com atores na sociedade civil, nos partidos políticos e no poder legislativo em vista de encontrar uma saída a esse impasse”, disse a chefe da Minustah, Sandra Honoré.
É justamente por não saber ao certo qual será o comportamento de Martelly, agora com poder soberano, que a comunidade internacional ligou o sinal amarelo. “A dissolução do Congresso não vai contribuir para atrair investimentos estrangeiros. Nosso pedido tem sido que o primeiro ou único decreto do presidente Martelly seja para convocar eleições imediatamente”, disse o embaixador brasileiro no Haiti, José Luiz Machado e Costa.