São Paulo sonega três Lava Jatos por ano
Conhecida por desmantelar diversos esquemas criminosos e a promiscuidade entre políticos e empreiteiras, a Operação Lava Jato chega ao seu quarto ano de vida com o resultado de R$ 17,8 bilhões de autuações feitas, desde 2015, aos arrolados por crimes. Apesar do tamanho desta soma, fica muito aquém de outra ainda mais significativa: em apenas um ano, as multas do fisco no Estado de São Paulo são três vezes superiores às da Lava Jato.
Segundo dados da Receita Federal, até novembro de 2018, foram aplicadas multas que somam R$ 62 bilhões somente no Estado de São Paulo, dos quais R$ 50 bilhões são responsabilidades de empresas de grande porte. Em 2017, o registro foi de R$ 78 bilhões.
De acordo com Fábio Kirzner Ejchel, superintendente adjunto da Receita Federal na 8ª Região Fiscal, o setor com mais autuações dentro do universo de 967 pessoas jurídicas é o industrial. Neste grupo, foram aplicadas 317 penalidades que, somadas, ultrapassaram R$ 22 bilhões. Em seguida, vêm os setores comercial (250), prestação de serviços (226) e bancário (48), com valores que chegam a, respectivamente, R$ 5,5 bilhões, R$ 12 bilhões e R$ 13 bilhões.
Entre as pessoas físicas, os campeões são os diretores, com 177 dos 608 autos de infração, com valor de R$ 550 milhões. O segundo grupo que mais sonega imposto é o de profissionais liberais (médicos, arquitetos, engenheiros, dentistas etc.), com resultado de R$ 197 milhões. Os funcionários públicos, com 44 multas, são responsáveis por R$ 30 milhões.
IRPJ é principal problema
Para Kirzner Ejchel, da Receita Federal, os valores que não entraram nos cofres públicos por conta da sonegação deixaram de ajudar a financiar o Estado. “Se estes grupos não pagam, temos menos investimento em saúde, educação, rodovias, e em qualquer parte do setor público”, explica. Para ele, as autuações em São Paulo são altas porque as sedes de grandes empresas estão localizadas no Estado, de forma a direcionar multas, mesmo de outras regiões.
O principal problema apontado, com 45% do total, foram inconsistências no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), quando as empresas não declararam o que tinham de pagar. O segundo maior problema é a falta de pagamento da contribuição social do lucro da iniciativa privada (17%), seguido pela sonegação de Cofins (11%) e IPI (7%).
Para Thiago Medaglia, especialista tributário da Cascione Advogados, uma penalidade aplicada a qualquer grande empresa do setor de bancos ou de indústria é significativa. Para ele, existem alguns excessos na hora da aplicação da multas, que variam de 75% a 150% sobre o valor sonegado, e nem toda situação decorre de má-fé. “O problema fiscal no Brasil tem várias causas, pode ser tanto do contribuinte que está tranquilo em cometer uma ilicitude quanto dificuldade financeira ou questão delegislação”, argumentou.
Medaglia ainda destacou que o Brasil tem um sistema tributário horizontalmente complexo e verticalmente pouco sofisticado, por trazer muita insegurança jurídica e afastar investimentos.
A Lava Jato em São Paulo
O Estado de São Paulo é o líder de autuações da operação Lava Jato. Dos R$ 17,8 bilhões, dos quais R$ 4 bilhões foram pagos, praticamente 80% do total do valor é oriundo de penalidades paulistas, o equivalente a R$ 14 bilhões. De acordo com o coordenador-geral de Fiscalização da Receita, o auditor-fiscal Flávio Vilela Campos, todo esse dinheiro retorna ao Tesouro Nacional, para que o governo federal aplique de acordo com sua necessidade.
Para se ter uma ideia, o Rio de Janeiro é o segundo Estado no ranking de autuações, com R$ 1,4 bilhão, seguido por Minas Gerais, com R$ 800 milhões. Berço da operação, o Paraná registra R$ 80 milhões de autuações e está entre os Estados com menor valor.
Segundo Campos, os benefícios plenos decorrentes da Operação Lava Jato vão além da recuperação de recursos desviados, sonegados e da punição aos responsáveis.“A operação Lava Jato permitiu descobrir o modus operandi de diversos sistemas de corrupção que ocorrem em nosso País. A partir disso, conseguimos usar um mesmo processo que identifica dez casos suspeitos para ampliar o escopo de investigação para 200”, afirmou.
Segundo o coordenador-geral de Fiscalização da Receita, a Lava Jato deve ser encerrada no final de 2019, mas seus desdobramentos devem continuar adiante, o que significa um legado maior contra a corrupção
Pedido de Lula para suspender perícia “não faz o menor sentido”, diz Moro
O juiz federal Sergio Moro negou nesta quinta-feira (15) à defesa do ex-presidente Lula suspender uma perícia em andamento sobre sistemas de propina da Odebrecht. A Polícia Federal está vistoriando o “Drousys” e o “MyWebDay”, da empreiteira, em ação penal sobre suposta propina do grupo ao petista, no âmbito da Operação Lava Jato. O “Drousys” é um sistema de informática para comunicação do setor de propinas da empreiteira. O “MyWebDay” é um software desenvolvido pela empreiteira para gerenciar contabilidade paralela.
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, queria que Moro barrasse a perícia até que o Ministério Público Federal prestasse esclarecimentos sobre o “MyWebDay”. A defesa suspeita de fraude ou manipulação no sistema. Na decisão, Moro afirma que “a perícia foi determinada exatamente em decorrência dos questionamentos pretéritos da defesa de Luiz Inácio Lula da Silva acerca da autenticidade dos documentos extraídos do sistema e juntado aos autos”. O magistrado ainda anotou que “a pretensão da Defesa de suspensão da perícia por suspeita de fraude não faz o menor sentido.”
Lula e outros 12 investigados são réus. A Operação Lava Jato atribui a Lula vantagem indevida de R$ 12,5 milhões da Odebrecht, por meio de um terreno que abrigaria o Instituto que leva o nome do ex-presidente – R$ 12 milhões – e uma cobertura vizinha à residência do petista em São Bernardo de R$ 504 mil. Além da suspensão da perícia, a defesa de Lula havia solicitado que, “após eventual retomada dos trabalhos periciais, seja concedido às defesas de prazo igual àquele concedido ao Setor Técnico do Departamento de Polícia Federal para análise e manifestação acerca do laudo pericial decorrente do trabalho de alta complexidade desenvolvido pela equipe de peritos oficiais daquele órgão”. Segundo o advogado do petista, até o momento, a perícia já levou “100 dias de análise”.
Sergio Moro afirmou que vai avaliar o pedido de extensão “após a apresentação do laudo” da perícia. Este processo é um dos três em que Lula foi acusado pela Lava Jato, no Paraná. No caso triplex, o petista foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, em regime fechado, por corrupção e lavagem de dinheiro, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). O ex-presidente responde ainda a uma ação penal sobre reformas no sítio de Atibaia.
SP registra 5,1 milhões de pessoas no Carnaval
O Carnaval de Rua de São Paulo reuniu cerca de 5,1 milhões de pessoas nos quatro dias de feriado. A soma inclui o público dos blocos de rua, dos palcos e dos desfiles das escolas de samba no Anhembi.
O balanço do Carnaval foi divulgado, na quarta-feira, 14, pela Prefeitura de São Paulo.
Ele mostra que de sábado, 10, a terça-feira, 13, foram 180 desfiles de blocos de rua na Capital. Somente a Avenida 23 de Maio, de domingo, 11, a terça, concentrou mais da metade do público do Carnaval de Rua: 2,6 milhões de foliões passaram pela avenida. No local, ocorreram sete desfiles.
Apesar do sucesso de público, o Carnaval na Avenida 23 de Maio registrou problemas. Uma das maiores queixas de foliões e moradores dos bairros próximos foi a quantidade de pessoas urinando, vomitando ou consumindo drogas nas ruas.
(Crédito: Luiz Guadagnoli/SecomPMSP)
Fiscalização
A lateral do Centro Cultural São Paulo, de frente para a 23, virou o ponto favorito para o xixi. Desde o dia 3, foram autuadas 396 pessoas urinando na rua. Segundo a Prefeitura, havia 580 banheiros públicos, mas os foliões reclamaram de filas.
Enfermeiras contaram que foliões tentaram forçar a entrada em hospitais da região para tentar usar os banheiros. No Hospital Sancta Maggiore, no Paraíso, meninas passaram a gritar e xingar, depois que foram impedidas de entrar pelos seguranças. Famílias de pacientes reclamaram de barulho e houve atraso na movimentação de ambulâncias.
O período oficial do Carnaval é de 3 a 18 de fevereiro, com previsão de 491 desfiles na cidade. No próximo fim de semana, estão previstos mais 104 desfiles. Segundo números da Prefeitura, somente no final de semana de pré-carnaval o público foi de 4 milhões.
Doria quer aumentar em 25% número de semáforos
A gestão do prefeito João Doria (PSDB) lança, nesta sexta (16), um edital de chamamento público para receber estudos do setor privado para viabilizar a privatização da rede semafórica da capital paulista, que é da década de 1980. O foco é aumentar em até 25% o número de semáforos.
O objetivo é fazer um longo contrato de concessão no qual a empresa terá de investir em tecnologia para modernizar até 85% dos 6.399 semáforos de São Paulo, alvos constantes de vandalismo e apagões. O investimento necessário está estimado em R$ 1 bilhão.
Só 600 semáforos têm automação em tempo real, ou seja, o tempo de abertura e fechamento é controlado a distância de um centro de operações da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Os novos aparelhos também vão controlar a velocidade dos carros e farão a contagem dos veículos no cruzamento, o que, segundo a Prefeitura, permitirá modificar a programação para que os semáforos fiquem abertos mais ou menos tempo, conforme o trânsito da região.
O secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Sérgio Avelleda, estima até 20% a mais de fluidez do trânsito com os semáforos inteligentes.
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