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PCC movimenta R$ 1 mi por mês em Guarulhos



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PCC movimenta R$ 1 mi por mês em Guarulhos


04/03/2016
9:58 AM
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Alfredo Henrique
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Atualizado em 22/03/2016 1:32 pm

A Polícia Civil apreendeu dez cadernos de contabilidade do Primeiro Comando da Capital (PCC) na quarta-feira, 2, na Ponte Alta, em Guarulhos. O material estava na casa de Leandro Maurício Gomes, 33, apontado como tesoureiro da facção. Segundo as anotações do criminoso, que está foragido, eram movimentados quase R$ 1 milhão por mês. No bairro dos Pimentas, área de “responsabilidade” do acusado, ele recebia o pagamento de mensalidades de membros do “partido” de todos os estados do País.

A sua mulher, Karina Francisca de Lima, 28, foi presa. Na residência do casal foram encontrados três quilos de cocaína e um quilo e meio de maconha. Além disso, comprovantes de pagamento, totalizando R$ 5 milhões.

O delegado Fernando Santiago, responsável pelo caso, disse que a apreensão de um livro de registro, no final de 2015, norteou o início das investigações. “Chegamos neste primeiro caderno com base em informações que conseguimos com pessoas presas por tráfico na delegacia.”

Durante a investigação, descobriram o endereço de Gomes. Chegaram até a casa dele e o suspeito não estava.

Nos cadernos apreendidos, há os contatos de membros da facção de todos os níveis hierárquicos.  “Provavelmente iremos chegar a muita gente, até mesmo em lideranças”, disse o delegado.

Membros do PCC são obrigados a pagar mensalidades para ajudar nas ações da facção e para auxiliar membros presos. “Muitos criminosos, quando saem da cadeia, praticam muitos roubos para poder saldar as dívidas com a facção. Isso contribui para o aumento da criminalidade”, afirmou.

Contabilidade – Dez cadernos usados (Fotos: Lucas Dantas)

Do batismo à morte

Segundo Santiago, Gomes contabilizava o pagamento de mensalidades dos membros do PCC. Ele recebia cerca de R$ 30 mil por dia, repassados à cúpula do partido. Devedores da facção podem sofrer vários tipos de punição, que vão desde agressões e humilhações até a morte. “Há relatos de criminosos que tiveram as duas pernas quebradas, por exemplo”, disse o delegado.

Em um dos cadernos do criminoso, há menção ao “livro de batismo” e ao “livro negro”. Ambos são, respectivamente, a relação de nomes de novos membros da facção e de indivíduos marcados para morrer.

Grande organização “empresarial”

Chamou a atenção da polícia a organização das finanças da quadrilha, feita “de forma empresarial”. “Outra coisa é o fato de que todo membro precisa contribuir, isso é encarado como um trabalho. Quando alguém perde droga, precisa pagar para a facção o que perdeu. A organização deles chama a atenção”, disse o delegado.

Outro detalhe destacado pelo delegado são as ramificações para fora de São Paulo e até do Brasil. “Há relações claras com Bolívia e Paraguai, mas não com pagamento de mensalidade”.



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