26.2 C
São Paulo
sexta-feira, abril 26, 2024

Onde a classe média não existe



notíciasÚltimas


Onde a classe média não existe


13/01/2015
7:40 PM
/
Paulo Manso / Fotos: Alexandre de Paulo
/
Atualizado em 14/01/2015 6:34 pm

Previous Image

Next Image

info heading

info content




Bem vestida, mulher caminha pelas ruas de Pétionville entre carrões e árvores: outra realidade

O haitiano Joseph Luckner, de 42 anos, é intérprete da ONU. Desde o início da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), em 2004, trabalha auxiliando estrangeiros como eu e Alexandre de Paulo, que não falamos francês, a conseguir se comunicar no país caribenho. Era ele o guia de Zilda Arns no trágico 12 de janeiro de 2010, quando a missionária brasileira morreu durante o terremoto.

A bordo de uma viatura do Brabat, batíamos um papo sério sobre as condições subumanas de sobrevivência flagradas por nós nas ruas de Porto Príncipe. “Aqui praticamente não temos classe média. Ou o cara é muito rico, ou é muito pobre”, disse. Em um lugar repleto de contrastes, esta é a face mais triste de tal característica. Estávamos a caminho de um outro Haiti. Próspero, com luz, coleta de lixo e água encanada: Pétionville. Não há como comprovar, mas ouvimos de mais de uma pessoa que 12 famílias detêm todo o poder econômico do país. A fortuna concentrada nas mãos de pouquíssimos e a miséria espalhada por tantos. Os extremos da pobreza e da riqueza saltam aos olhos mais insensíveis.

Não há como desviar a atenção de tamanha polarização. Ver gente guiando um carrão e morando em mansão tão perto de alguém comendo biscoito de barro chega a ser agressivo.

Vimos de perto esse choque de realidades tão distintas. Tomamos um banho de humanidade, como disse uma colega de profissão. Tivemos contato com as duas regiões mais miseráveis de um país extremamente miserável: a aldeia Port Glacé e a região de Ti Haiti. E com a parte nobre de Porto Príncipe.

As visitas deram razão à constatação do general José Luiz Jaborandy Jr, comandante do braço militar da Minustah, durante entrevista ao Metrô News em Porto Príncipe: “Não há pessoa, civil ou militar, que venha ao Haiti, conheça sua realidade, e consiga voltar para casa do mesmo jeito. O Haiti nos faz diferentes.”

Clique nas fotos e acompanhe as matérias especiais do 3º dia da série “Haiti: o passado presente.”

Duas faces da pobreza

Falta segurança e assistência médica

Onde deságua toda a imundície, crianças brincam com porcos

Elite Envergonhada



LEIA TAMBÉM

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Índice