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Geração da incoerência
19/11/2014
10:36 AM
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Palloma Mina
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Atualizado em 19/11/2014 5:39 pm
Este texto é sobre gente com 20 e muitos anos. Não sei se faltou conhecer coerência ou coragem para aplicar. São moças e rapazes que acham um absurdo a ideia de conceder exclusividade, mas adorariam ser especiais para alguém. Querem dormir de conchinha, porém não têm tempo de se comprometer. Precisam colocar o relacionamento na agenda de trabalho para não esquecer, porque o que realmente importa é a carreira.
Ou o corpo! Aminoácidos, cirurgias plásticas, selfies e filtros nas fotos das redes sociais. Como há um vazio enorme na intimidade, o plano é perseguir o próprio abdômen, já que este não vai mandar uma mensagem dizendo que não está pronto para assumir uma relação. São donos de uma miopia que enxerga namoro no Facebook como casamento e casamento como anulação de todas as boas oportunidades da vida.
Reclamam que não conhecem ninguém interessante e frequentam os mesmos lugares há anos. Outros estão com o namoradinho de infância há uma vida, mas ainda creem que não é hora de casar porque são muito novos apesar dos cabelos brancos. Ainda sonham em morar na Austrália, mas não sabem direito onde está o próprio coração.
Sofrem de carência crônica e caráter incrível, desses que seguram a onda da família e são voluntários em ONGs, sabe? Entretanto, evitam paixões por motivos de experiências negativas anteriores. É algo como deixar de frequentar o parquinho da vida porque ralou o joelho.
Levaram a sério a teoria do tio Ben, do filme Homem Aranha, que prega as grandes responsabilidades inevitáveis aos grandes poderes. Coitados, pensam que medrosos são capazes de despertar grandes paixões e que essas paixões são a 11ª praga do Egito.
Vão dar certo porque quando alguém se propõe a se manter em movimento o tempo todo para não ter que encarar as suas próprias mazelas acaba chegando a algum lugar. Parafraseando Cazuza, neste lugar não haverá pódio de chegada ou beijo de namorada.