“Lembrava o eito, a senzala, o tronco, o feitor, o capitão-do-mato. O relho, a palmatória, sibilando, estalando no silêncio da meia-noite, chumaço de pano sujo na boca de um infeliz, cortando-lhe a respiração. E nenhuma defesa: um infortúnio sucumbido, de músculos relaxados, a vontade suspensa, miserável trapo. Em seguida o aviltamento.”
Foi inspirada nesse testemunho de Graciliano Ramos, imortalizado na obra literária “Memórias do Cárcere”, que a juíza Luciana Teixeira de Souza, corregedora de presídios e titular da 2ª Vara de Execução Penal de Fortaleza, determinou o afastamento temporário de integrantes da cúpula de uma unidade prisional de Itaitinga, na região metropolitana, suspeitos de maus-tratos a detentos.
A decisão foi tomada após a magistrada ouvir uma série de presos que relataram casos de violência na Unidade Prisional Agente Elias Alves da Silva. Essa é a mesma unidade onde a comissão da Defensoria do Ceará encontrou indícios de novas técnicas de tortura, com torção de testículos de presos e tormento batizado de “posição taturana”.