Uma polêmica tomou conta do noticiário recentemente, envolvendo a ministra da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, e antropólogos. Como ela mesma reconheceu depois, a defesa de que era “natural um negro não querer conviver com um branco ou não gostar dele”, e que isso não seria racismo, foi uma frase, no mínimo, infeliz, utilizada fora de contexto. Para vários antropólogos, qualquer restrição a uma pessoa, a um grupo, é racismo, independente de fatos históricos, porque, afinal, ninguém pode negar que os negros sofreram nas mãos de seus “donos”.
Uma das coisas mais fascinantes neste mundo em que vivemos é justamente a diversidade de raça, de religião, de tudo. Imagino como seria monótono um mundo em que todas as pessoas fossem idênticas, pensassem da mesma forma, agissem da mesma forma. Ao contrário, acredito que crescemos exatamente nessa diferença entre as pessoas. É dessa maneira que evoluímos, absorvemos outros ensinamentos e descartamos os que não nos agradam. É um exercício diário, que coloca nossos neurônios sempre mais ativos. Afinal, pensar de maneira lógica é muito saudável e é o que nos diferencia dos outros animais.
E, se somos pessoas inteligentes, que sabemos compreender – mas nem sempre precisamos concordar -, porque fazermos distinção se o outro tem o cabelo, a cor da pele, a cor dos olhos, a altura, o nariz, a boca, enfim, qualquer aspecto físico diferente de nós, se o cérebro, que nos garante o raciocínio e a inteligência, é igual ao nosso? Ou seja, somos diferentes nos aspectos, mas idênticos em nossa essência: pensamos, respiramos, temos órgãos iguais.
Portanto, a ministra Matilde Ribeiro fez bem em recuar e explicar o que ela tentou dizer, ao entender que os negros guardem rancor por fatos históricos que, graças a muitos homens, negros e brancos, que lutaram contra a discriminação, conseguimos superar.
O rancor por fatos acontecidos em outros tempos, outro século, não pode servir de justificativa para se manter uma guerra eterna entre os seres humanos. O melhor caminho é sempre o diálogo. Lembro que o governo da Alemanha pediu desculpas à humanidade pelas atrocidades cometidas contra os judeus. É claro que não podemos apagar os fatos da história, mas temos de ter a grandeza de fazer sempre o melhor para que não vivamos num mundo de disputas, de ódio e de rancor. Infelizmente, nem todas as pessoas evoluíram para aceitar e acertar suas diferenças de forma civilizada, com diálogo e entendimento.
É isso aí!
“Roseli Thomeu é jornalista e
ex-deputada estadual (1990/1994).