Novo microscópio 3D filma células em movimento com definição sem precedentes
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Combinando duas tecnologias de microscopia, um grupo internacional de cientistas mostrou como fazer imagens 3D detalhadas de sistemas vivos em movimento, como células de câncer se espalhando, circuitos nervo-espinhais se conectando e células imunológicas atravessando órgãos.
Até agora, ao observar as células individualmente, os microscópios eram lentos demais para seguir suas ações em 3D, de acordo com o novo estudo publicado nesta quinta-feira, 19, na revista Science.
O grupo de pesquisadores foi coordenado pelo físico americano Eric Betzig, do Instituto Médico Howard Hughes (Estados Unidos), que ganhou o Prêmio Nobel da Química em 2014 por suas inovações em microscopia. Na nova pesquisa, duas das técnicas que renderam o Nobel a Betzig foram combinadas: a microscopia de lâmina de luz treliçada e a óptica adaptativa.
Segundo o estudo, na microscopia de lâmina de luz treliçada, uma “lâmina” luminosa varre repetidamente o interior da célula para adquirir imagens em duas dimensões e, a partir delas, um software constrói um vídeo 3D de alta resolução. Já a óptica adaptativa é um método semelhante ao que utilizado em astronomia para ‘desembaralhar’ e tornar mais definidas as imagens vistas através da turbulência da atmosfera.
No artigo na Science, os cientistas testaram a combinação de técnicas observando os movimentos de células do sistema imune cruzando o ouvido interno de um peixe da espécie Danio rerio, conhecido no Brasil como “paulistinha”.
De acordo com Betzig, há centenas de anos os cientistas têm obtido imagens de células vivas por meio de microscópios, mas só conseguiam boa definição em células isoladas em lâminas de vidro.
Segundo o cientista, isso é um problema, porque os grandes grupos de células dentro de organismos completos misturam a luz do microscópio. “Isso levanta a incômoda dúvida de se estamos mesmo vendo células em seu estado nativo, alegremente abrigadas no organismo em que elas evoluíram”, afirmou Betzig.
Mesmo quando as células são observadas individualmente, os microscópios mais utilizados para estudar o funcionamento interno delas são lentos demais para seguir a ação em 3D. Esses microscópios banham as células com uma luz que é de milhares a milhões de vezes mais brilhante que a do Sol intenso do deserto, segundo Betzig.
“Isso também contribui para nosso temor de que não estejamos vendo as células em sua forma natural. Frequentemente ouvimos que ‘ver é acreditar’, mas quando se trata de biologia celular, acho que a questão mais apropriada é: será que podemos acreditar no que vemos?”, disse o cientista.
Utilizando a combinação das duas técnicas inovadoras, os cientistas conseguiram observar a “coreografia” interna das células rapidamente e em três dimensões. Com um laser, ele criam um ponto brilhante de luz na região da amostra que querem observar. Com isso, a natureza das distorções da imagem são determinadas com precisão e os pesquisadores podem corrigí-las.
É o mesmo princípio utilizado na óptica adaptativa da astronomia, na qual um laser é apontado para o céu, na região próxima ao astro a ser observado, a fim de determinar previamente o tipo de aberração visual. Isso permite que as distorções sejam corrigidas com a aplicação de distorções opostas. No caso do novo microscópio, a “distorção corretiva” é aplicada com um modulador de luz e um espelho deformável.
O resultado é a abertura de uma janela inédita para a observação do funcionamento dos sistemas biológicos, revelando uma paisagem subcelular que lembra o movimento de uma grande metrópole.
Em um dos vídeos feitos com o microscópio, uma célula imunológica laranja se contorce freneticamente pelo ouvido de um peixe paulistinha, enquanto apanha partículas azuis de açúcar em seu trajeto. Em outro vídeo, uma célula de câncer puxa apêndices pegajosos enquanto rola através de um vaso sanguíneo em cujas paredes tenta ganhar força.
Apesar da extrema complexidade do ambiente multicelular 3-D, segundo Betzig, a clareza das imagens produzidas por sua equipe permite que eles “explodam” no computador as células individuais em um tecido para focar na dinâmica de uma delas em particular, para observar, por exemplo, a remodelação de organelas internas durante a divisão celular.
Segundo Betzig, seria difícil observar tantos detalhes sem a óptica adaptativa. “É confuso demais”, disse. Em sua opinião, a óptica adaptativa é uma das áreas mais importantes na pesquisa de microscopia atualmente, e o microscópio de lâminas de luz treliçada, que se destaca em imagens ao vivo 3D, é a plataforma perfeita para mostrar sua potência.
“A óptica adaptativa ainda não decolou, porque a tecnologia tem sido complicada, cara e, até agora, o esforço não valia a pena. Mas dentro de 10 anos ela já será usada por biólogos de todos os lugares”, disse.
O próximo grande passo nessa linha de pesquisas é tornar essa tecnologia acessível e intuitiva. “Demonstrações técnicas e publicações não chegam a ser úteis. A única métrica pela qual um microscópio deve ser julgado é o número de pessoas que o utilizam e o significado do que descobrem com ele”, disse Betzig, que ainda este ano mudará do Instituto Howard Hughes para a Universidade de Califórnia, em Berkeley.
O novo microscópio ocupa uma mesa de mais de três metros de comprimento. “Por enquanto ainda é um monstro do Frankenstein, mas já estamos trabalhando em uma nova versão que deverá caber em uma pequena mesa, com um custo acessível para os laboratórios”, afirmou.
Participaram da pesquisa cientistas do Hospital da Criança de Boston, da Universidade de Harvard, da Universidade Brook, da Universidade da Califórnia em Berkeley, – todas nos Estados Unidos -, da Universidade de Exeter (Reino Unido) e do Instituto de Tecnologia de Karlshue (Alemanha).
Doria negocia com DEM, mas ala tucana tenta impedir candidatura
Após se aproximar do PSD, o prefeito João Doria investe agora no apoio do DEM para uma eventual candidatura pelo PSDB ao governo de São Paulo. A negociação partidária, que envolve o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM-BA), ocorre à revelia do governador Geraldo Alckmin e no momento em que uma ala tucana tenta adiar as prévias paulistas da legenda para maio.
Com o adiamento das prévias, o prefeito seria forçado a deixar o cargo para entrar na disputa interna. Pela legislação, os políticos que forem concorrer nas eleições deste ano devem renunciar até o dia 7 abril.
Doria e Maia conversaram sobre a sucessão em São Paulo no avião do prefeito, durante um voo entre Rio e Salvador na terça-feira de carnaval. Ao chegar à capital baiana, eles se juntaram ao prefeito ACM Neto. Questionado sobre o encontro, Maia disse que a palavra final sobre uma eventual aliança em São Paulo será do diretório regional do DEM.
O prefeito deve almoçar no sábado com o secretário estadual de Habitação, Rodrigo Garcia, pré-candidato do DEM ao governo, e com dirigentes paulistas da sigla. A ideia é oferecer a Garcia a vaga ao Senado. Por essa configuração, o presidente licenciado do PSD, ministro Gilberto Kassab, seria o vice de Doria na chapa e o chanceler Aloysio Nunes (PSDB), o segundo candidato ao Senado. A movimentação de Doria incomodou aliados de Alckmin.
O governador tenta evitar um racha em sua base na campanha pelo Palácio dos Bandeirantes. Pré-candidato à Presidência, Alckmin não descarta convidar o vice-governador Márcio França (PSB), que deve assumir em abril o governo e disputar a reeleição, para se filiar ao PSDB e ser o candidato único da coalizão governista. Tucanos paulistas ventilam ainda a possibilidade de acrescentar uma cláusula ao estatuto da legenda que tornaria todos os detentores de cargo executivo candidatos “natos” à reeleição – ou seja, sem a necessidade de disputar prévias.
Editorial: Alckmin tem uma difícil tarefa de fazer um jogo de recuperação
É quase consenso que Geraldo Alckmin é o melhor nome do PSDB para concorrer este ano à Presidência da República. Evidentemente, tem aqueles que discordam, como o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que chamou a prévia do partido de fraude e abandonou a disputa interna pelo posto de presidenciável. Mas, depois de Aécio Neves ter se afundado em um lamaçal, de o prefeito João Doria, aparentemente, ter se contentado com a possibilidade de sair governador e de Fernando Henrique Cardoso ter visto abortada a ideia de lançar Luciano Huck como candidato, não há às claras outra indicação tão forte nas fileiras tucanas quanto a do governador paulista.
Assim, o nome de Alckmin deve ser aclamado nas prévias presidenciais do partido, agendada para 18 de março. No entanto, se dentro da legenda a fatura é líquida e certa, fora dela o cenário ainda é muito nebuloso. E os números divulgados ontem pelo Instituto Paraná Pesquisas (IPP), que mostrou o paulista em empate técnico com Jair Bolsonaro, com intenções que variam de 20% a 23%, dependendo do cenário, é mais motivo para preocupação do que para celebração. Afinal, se quer almejar voos mais altos, o governador tem de se mostrar soberano entre aqueles que diretamente lidera.
Em 2006, quando enfrentou Luiz Inácio Lula da Silva, Alckmin superou o petista nos dois turnos, tendo um incrível desempenho de 54,2% dos votos no primeiro turno. Isso com Lula no auge de sua trajetória política. Em 2010, José Serra repetiu a dose, baixando a margem para 40,67% no primeiro turno e subindo para 54% no segundo. Em 2014, Aécio Neves perdeu nos dois turnos em Minas Gerais, seu Estado, e viu Dilma Rousseff ser reeleita.
Assim, para Alckmin não resta outra alternativa a não ser recuperar os votos que o PSDB tradicionalmente obtém em São Paulo. Ainda há muita água para rolar sob esta ponte. Mas, fazer um jogo de recuperação é muito mais difícil e desgastante do que administrar uma vantagem. No entanto, as prévias do PSDB podem finalmente lançar luz sobre o papel do governador paulista nesta que deve ser uma acirrada e imprevisível disputa presidencial.
Alckmin ‘sabe falar com o povo’ e tem chances de vencer eleição, diz FHC
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) refutou, em entrevista à rádio CBN, as críticas de que não vem apoiando devidamente o pré-candidato de seu partido ao Palácio do Planalto, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O ex-presidente disse que ajudou a fazer Alckmin presidente nacional do PSDB e acredita que ele tem chances de vitória nessas eleições presidenciais.
Segundo Fernando Henrique, São Paulo é um Estado em ordem e as finanças estão em dia. “Ele é um homem simples, fala de forma direta com o povo, esses são valores que podem ser transformados em voto. Por isso ele tem muita chance. E como esta é uma eleição casada, um partido como o PSDB terá peso nessa eleição “
Fernando Henrique reiterou que um candidato do mercado não vence o pleito, mas isso não quer dizer que ele não respeita o mercado “Não tem de ser o candidato do mercado, tem de ser o candidato do País para ganhar as eleições.”
Para ele, as eleições no Brasil não devem trazer nenhum nome novo. “Mas quem simbolizar a retomada de crescimento, decência e muita tranquilidade ao País, tem todas as chances de ganhar.”
Intervenção.
Na entrevista, gravada pela CBN na tarde desta quinta-feira, dia 1º, FHC disse que a intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro é um processo que demanda tempo. “Os militares têm conduta correta, só vão quando são chamados”, comentou.
“Há no Rio medida para garantir a lei e a ordem (GLO).O que há agora é intervenção, com as forças subordinadas ao interventor para uma transformação”, disse, emendando que é necessário esperar para ver os resultados da ação. “Isso leva tempo, não se resolve da noite pro dia. A ação tem de ser continuada, a longo prazo e feita com inteligência, se não fica só o espetáculo dos tanques nas ruas.”
“Eu disse – e fui mal interpretado – que os militares são chamados quando os governos se enfraquecem. Não posso dizer isso no caso do Rio, mas é preciso evitar o uso abusivo das Forças Armadas”. FHC ressalvou que hoje não há a preocupação que se tinha antes do governo militar, de tomada de poder.
Para o ex-presidente, o tema segurança vai permear o debate eleitoral deste ano, até mesmo porque o cidadão pobre está desprotegido. “Mas o debate não pode ser feito com demagogia. E precisamos ficar atentos para que isso não ocorra”, destacou.
CPTM entrega metade dos trens previstos em licitação
A CPTM entregou 34 dos 65 trens adquiridos por 1,8 bilhão de reais na licitação internacional, que terminou em 2016. As empresas do Consórcio Iesa – Hynday Roten (30 trens a R$ 788 milhões) e a espanhola CAF (35 trens por R$ 1 bilhão) já foram multadas diversas vezes pela demora na entrega dos equipamentos.
Durante inauguração das obras da nova estação Francisco Morato, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), ressaltou que o processo de renovação de toda a frota da Linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato) deve ser concluída até maio. O trajeto tem 19 novos trens em circulação e transporta 415 mil passageiros por dia útil.
“Temos nesta linha alguns trens ainda da década de 1950, com mais de 60 anos. Os novos trens têm vagões contínuos, que são mais seguros, maior motorização, câmeras de segurança e ar-condicionado. São mais confortáveis, seguros e silenciosos”, disse Alckmin.
A Linha 11-Coral Expresso Leste (Luz-Guaianazes) também foi beneficiada com outros 15 veículos da nova frota. Pelo menos 500 mil pessoas por dia utilizam este percurso. Os demais trens ainda precisam ser entregues e passar pelos testes necessários.
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